VÁRIOS
10% de descontoISBN: CABEÇA AO I NO I PELO
Editora: HORA DE LER
Ano/Mês: 2023/12
N.º de Páginas: 501
Percorrem-se terras estremenhas meridianas no número 15 dos Anais Leirienses no qual se apresenta ao leitor um dossiê especial dedicado ao Sul do Distrito de Leiria. Paisagens do meio-dia de reconhecida beleza, a que muitos escritores, entre os quais cumpre avocar Miguel Torga e José Saramago, não ficaram insensíveis, deixando-nos páginas maravilhosas sobre os cantos do mundo que nelas se guardam. A geografia e o passado histórico, na verdade, aproximam e diferenciam os territórios do Maciço Calcário Estremenho, que Leiria partilha, séculos há, com os demais concelhos do sul do seu distrito, entre terra e mar oceano, serranias e lezírias, um mundo plural, de chegadas e de partidas, de solidariedades e filantropias, com um património cultural material e imaterial tantas vezes erguido em calcários brancos e rendilhados como bordados finos, próximo e comum. O passado marítimo atlântico é recordado pelas páginas dedicadas à vila da Atouguia na Idade Média, que abrem a revista, seguidas por artigos que apuram a história económica e administrativa fiscal dos concelhos do antigo Couto de Alcobaça, de Porto de Mós, de Óbidos e da Atouguia. A cidade das Caldas da Rainha assume justa centralidade neste número, recordando-se a sua história e a ação beneficente da Rainha D. Leonor, senhora de Óbidos e benfeitora fundadora do Hospital Termal de Nossa Senhora do Pópulo. Apresentam-se estudos sobre o município do Bombarral, São Martinho do Porto e os seus heróis, marítimos destemidos, sobre os “Serões de Alcobaça”, bem como acerca do pintor Adriano de Sousa Lopes, das vivências sociais e associativas, especialmente em Alcobaça, no começo do século XX e, ainda, da ação beneficente do Lactário-Creche Rainha D. Leonor, do papel da Gazeta das Caldas na década de 1950 e da vida interventiva da Associação Património Histórico, sediada nas Caldas da Rainha. Outros estudos oferecem páginas sobre as terras de Pedrógão Grande, Marinha Grande, Fátima e Ansião, focando-se vultos renomados na Literatura, como Afonso Lopes Vieira, e na história recente da Igreja Católica, como o papa Paulo VI, que visitou estas terras da Estremadura em 1967. As habituais seções com documentos históricos, fac-simile e imagem, desta feita dedicadas a Caldas e a Alcobaça, com o tradicional obituário, as notícias e o escaparate de novidades e recensão de publicações sobre a região fecham o volume. Sai este número alguns meses após o falecimento de dois conterrâneos do mais elevado renome nacional possível como foram os Historiadores José Mattoso e João Bonifácio Serra. O legado de ambos para a renovação da historiografia portuguesa é, cada um deles nas suas cronologias e temáticas preferenciais, incontornável, permanecendo, também, a memória do seu exemplo de cidadãos empenhados que lutaram pelo robustecimento da Democracia, da Dignidade e da Justiça em Portugal, assim como pela qualificação e elevação geral da vida cultural do país. É importante não deixar morrer a sua memória. A continuidade do projeto cultural que os Anais Leirienses encarnam constitui uma forma de os recordar, de homenagear o seu empenho, também, pela defesa da região estremenha que é a coluna identitária que nos uniu e une, a eles e a nós, cujo sentido histórico permanece na atualidade, assim como de merecer o legado científico e cívico que nos deixaram.
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