… a questão é se a dinâmica social e económica da organização está relacionada com a alteração do sistema tradicional de valores que animam a nossa conduta.
Quando perdemos a bússola da moralidade e a ética da virtude desaparece será que esquecemos o propósito e a essência da própria vida? Mais cedo ou mais tarde essa atitude terá consequências graves, ou talvez tenhamos que admitir que já as tem: a crise da moralidade e uma crise de confiança que só podem ter uma solução em termos empresariais através da prática da ética.
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Para uma Organização que, voluntariamente, decida explicitar princípios e compromissos no domínio da ética, é fundamental desenvolver e manter uma cultura consistente com os valores assumidos, geradora de transparência, de confiança nas relações e de responsabilidade pelas consequências das decisões e dos atos praticados.
A concretização de um tal objetivo implica o desenvolvimento de dois sistemas de suporte interligados: um formal e um informal. O primeiro pode incluir: código de ética e respetiva regulamentação; comité de ética; ethics officer / provedor de ética; programas de formação e sensibilização; canal para aconselhamento e registo de reclamações/denúncias. O segundo, o mais importante, deve estar baseado na exemplaridade da liderança, na consistência entre as diversas políticas e no alinhamento destas com os valores enunciados e, ainda, na ação persistente de identificação dos riscos éticos mais significativos e de redução dos incentivos, oportunidades e justificações das más condutas a eles associadas.
É do desenvolvimento harmónico destes dois sistemas e da sua contínua interação que resultarão acrescidos níveis de confiança interna e externa à Organização e de capacidade de ação responsável, competente e autónoma por parte dos seus membros, transformando, afinal, os princípios e compromissos éticos assumidos no “modo como aqui fazemos as
coisas”.
José Figueiredo Soares
Provedor de Ética do Grupo EDP
Este livro subordinado ao tema da Ética, numa vertente estratégica, representa por um lado, a forte e proactiva personalidade da autora. Por outro lado, é uma página fantástica sobre um valor intrínseco à vida pessoal e ao caminho de quem assume a partilha do conhecimento como uma forma contributiva de riqueza humana. A leitura deste livro é como “fazer caminho caminhando...” numa trajetória de interiorização de uma estratégia para a implementação de uma ética organizacional em termos pedagógicos e assertivos, que tanta falta faz num mundo em constante mudança de paradigma.
José Magalhães
Professor Universitário