Com a revelação, em Filosofia e Kabbalah, do seu alter ego Thomé Nathanael, António Telmo afirma plena e conscientemente a síntese marrana do seu pensamento, na linha de seu mestre Álvaro Ribeiro - a quem consagrou os dois livros inéditos que neste volume se publicam -, demonstrando a ligação incontornável entre o aristotelismo português e a simbólica cabalística.
«A História de Portugal cinde-se em dois períodos radicalmente distintos. Sobretudo através da Pátria e da Mensagem, os nossos poetas, prolongando neste ou naquele sentido o ensino de O Encoberto, os nossos filósofos, tiveram disso perfeita consciência e o correspondente saber. O primeiro período, de um só rei para três Repúblicas - a judaica, a cristã e a islâmica -, vai até D. João III; com D. João III e o estabelecimento da Inquisição em Portugal tem início o segundo período. A tese de Sampaio Bruno é, porém, que foi no segundo período que se deu o maior avanço no aperfeiçoamento dos espíritos, cada vez mais próximos, de vinténio para vinténio, da era messiânica. O segredo deste contrassenso terá sido o aparecimento na história do cristão-novo.»
António Telmo
«Um bom ponto de partida será sempre Filosofia e Kabbalah. Quem leia este livro pelo menos três vezes, como aconselhava e fazia o filósofo de Uma Coisa que Pensa, conhecendo já algo da obra restante do escritor de Almeida e Estremoz, perceberá que esse volume, editado pela primeira vez em 1989, aos 62 anos de idade, é não só o eixo de toda a sua filosofia, como também o seu cume e a sua súmula retrospectiva e prospectiva. Se alguém ler outros títulos de Telmo sem conhecer este que menciono, ficará com uma visão fragmentária e desfocada de quanto pensava. Pelo contrário, se o ler, sem se aproximar de outros, beneficiará da recepção da essência ramificada do seu pensamento, no núcleo, nos temas e, até, nos géneros pelos quais se espraiou a sua escritura.»
Ruy Ventura in Prefácio