Aqui Posto de Comando das Forças Armadas! No momento em que estas palavras foram transmitidas, às 4 horas e 26 minutos da manhã, por Joaquim Furtado, aos microfones do Rádio Clube Português, já se desenhava a vitória do Movimento dos Capitães, iniciado escassas horas antes com a saída das unidades militares revoltosas, de norte a sul do país. A ditadura de 48 anos caía, como um baralho de cartas, e o seu aparato político-militar praticamente não reagiu. Aquela madrugada inteira e limpa trazia os gérmenes da esperança num mundo novo!
Zeca Afonso deu o mote: o Povo é quem mais ordena. O seu poema foi escolhido pelo então Capitão-Tenente da Marinha Carlos Almada Contreiras (coordenador desta obra) como senha decisiva para a saída das unidades militares, para dar o alento necessário para os jovens militares participarem na aventura inesquecível das suas vidas e da libertação de Portugal e o sinal que o Povo entendeu sobre o carácter democrático da Revolta.
E o Povo saiu à rua e daí nasceu o 25 de Abril. Pretende-se, com esta obra, dar a conhecer os meandros da conspiração dos jovens capitães num curto período anterior ao 25 de Abril e, essencialmente, o decorrer das operações do próprio dia desde os seus primeiros momentos. Para além de dois dos principais protagonistas - Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço -, a obra contém depoimentos de dezenas de oficiais dos três Ramos das Forças Armadas e outros militares que, nesse dia, marcaram encontro com a História e para com os quais o Portugal democrático do nosso tempo terá eterna dívida de gratidão.
(Fernando Mão de Ferro, Editor)