“A culpa não é tua, eu
sei, a culpa não existe, existem apenas as horas passadas sem que te pudesse
dizer o quanto te amo. É que às vezes parecia não amar-te , como se te
desvanecesses na bruma que se aproximava em pequenas gotículas transparentes,
de repente,
Nada.
Apenas uma aliança no
dedo,
Duas crianças em comum
e a obrigação de me deitar todos os dias na tua cama, a sonhar com a minha
identidade perdida, o segredo escondido da minha liberdade entre quatro paredes
conjugais e o automóvel na garagem, para o passeio de fim-de-semana…
como se me apetecesse a
rotina do café com leite ao fim da tarde de domingo, na Boca do Inferno…”
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Gabriel
é um homem atormentado pelo seu passado e pela degradação física e psíquica que
o arrasta na fuga a um presente de rotinas entediantes. Para sobreviver assume
uma máscara social que lhe permite continuar um casamento desgastado,
alienando-se na procura incessante de novas e variadas experiências, apesar de
nunca se sentir completamente feliz, pela conflitualidade e exigência do seu
ego que não encontra satisfação no meio de uma sociedade em decadência.
Até
que o acaso faz dele um inesperado sobrevivente nos atentados de Atocha em 11
de Março de 2004. Na sequência desse acontecimento tudo se vai alterar e Gabriel
decide deixar escrito aquilo que não
fora capaz de dizer.
Laura
, por sua vez, ao receber o seu diário vê-se confrontada com a história de um
homem que afinal lhe era desconhecido e interroga-se também ela sobre o porquê
dos seus próprios segredos .
Uma
história comovente e inquietante sobre as fragilidades do ser humano, os
valores da sociedade onde está inserido e o universo paradoxal do amor.