Um romance que revisita as memórias da Guerra Colonial na Guiné e nos descreve novos tempos, num país que tem tanto de belo de acolhedor como de degradado e maltratado. A escrita desenvolta de Manuel Fialho, conduz o leitor para um final imprevisto e impressionante.
Decorrido meio século, Miguel Lúcio, ex-franciscano e ex--capelão na guerra colonial, recém-viúvo e recém-aposentado pela Universidade de São Paulo, onde ensinou História da África Ocidental, regressa à Guiné, após várias escolhas onde tentara iludir o vazio que subitamente o abatera. Escolheu viver aí os seus últimos anos, em Binta, junto ao rio Cacheu, na casa da sua mulher, perto das suas memórias e da convivência com os nativos, onde procura apreender melhor a condição humana.
No entardecer da vida, ilude o lento passar do tempo absorto nas suas reflexões e na antiga paixão por São Francisco, ouvindo as suas preferências musicais e, repetitivamente, os solos de oboé que o deslumbram. O filho traz-lhe a visita do velho amigo Miguel, companheiro na guerra e nos anos da diáspora no Brasil. Nessa breve visita, quando recordam lugares e episódios da guerra e se deparam com a degradação do novo país, fica arrebatado pela abordagem a que o seu amigo recorre, numa diferente e curiosa aproximação às questões que o perturbam. Surpreende-o a redescoberta do seu primeiro amor: o reencontro com a jovem clarissa que conhecera em Assis, em Itália, ainda antes da sua experiência africana. Com ela vive a paixão proibida que só nos sonhos da juventude lhes era consentida. O incontido desenlace desta paixão conduz o leitor para um final imprevisto e impressionante.