A desocultação iniciática de um dos maiores escritores portugueses do século XX
Através de uma leitura simbólica do ocultismo cifrado na literatura de Jaime Cortesão, Pedro Martins apresenta um surpreendente retrato espiritual do grande poeta e historiador. Esta sua interpretação revoluciona, uma vez mais, a história da cultura portuguesa, ao demonstrar como a génese do movimento da Renascença Portuguesa tem as suas raízes no esoterismo judeo-cristão, inscrevendo-se num vasto horizonte que abarca Dante, o Zohar e a Carta sobre a Santidade e se interliga com a maçonaria e o martinismo.
«Pedro Martins neste seu novo trabalho não se afasta da sua linha anterior - ler o que há de mais vital e vivo nas manifestações da cultura portuguesa a partir dum estrato iniciático, que é anterior às religiões e que lhes sobreviveu muitas vezes à margem ou mesmo em franco antagonismo.
Isto deu já proveitosos frutos na leitura duma pintura ainda tão mal conhecida como a de Vasco Fernandes, o autor dos painéis do Retábulo da Sé de Viseu, coevo de Gil Vicente e de Bernardim e sobre o qual tão pouco se sabe.
Com idênticas chaves de leitura - experiência e saber iniciáticos - ele consegue agora uma cerrada e prodigiosa interpretação de parte da obra de Jaime Cortesão e que fica desde já a ser, pela inteligência, finura e teimosia com que cinge as letras, um marco assinalável de progressão nos estudos sobre a poesia e o teatro do autor.
Só agora, após este trabalho, estamos em condições de começar a vislumbrar as verdadeiras dimensões duma obra poética e dramática que sem a simbologia iniciática ficava amputada dum espírito essencial que em muito contribui para a sua altura e o seu desmedido valor.
Cortesão é um dos grandes escritores do século XX português e este livro de Pedro Martins, escrito numa era sombria de morte e de esquecimento, contribui como nenhum outro até hoje para lhe restituir a aura de grandeza e de luz que tem.»
António Cândido Franco in Prefácio