FAJA DE CIMA - ou como uma bota de cano se tornou mais atraente que o salto alto

UMA DECLARAÇÃO DE AMOR E EXTRAVAGÂNCIA
Esta é, antes de mais, uma viva declaração de amor à freguesia da Fajã de Cima e às suas figuras, aqui com nomes como Ludgero, Herberto e Mário. O potencial criativo do autor fica ao serviço de uma narrativa que junta um sentimento de terna admiração por um território e o gosto em contar, com humor e uma pena desenfreada, o extraordinário.
Não vale a pena exemplificar as alucinações em demasia, ajudar o leitor a atravessar estas passadeiras às curvas e contracurvas, mas pode referir-se que incluem um livro gigantesco, escolas de condução para cidadãos alcoolizados, praias artificiais em ilhas e o projecto de uma visita, póstuma, de Fidel Castro.
Dá a ideia de que Luís Rego achou o realismo insuficiente para dizer o que tinha a dizer a esta terra e sobre esta terra. Arranjou então, numa oficina abandonada, a carripana surrealista à altura e desceu encosta abaixo, enquanto fazia nascer desatinos e desvarios e os alastrava a todas as histórias e ocorrências, como se fossem buganvílias insanas, plantas levadas do Diabo.