Todos os países do mundo, salvo raras exceções, consideram ser imperativo, para a sua notoriedade e o seu prestígio, disporem de universidades de renome mundial, ou seja, universidades cujos docentes-investigadores publicam trabalhos nas melhores revistas científicas do mundo. Isto tem dois significados preponderantes: que a inovação é essencial e que as universidades neste domínio também o são. Daí a concorrência, a nível mundial, entre os países para colocar as suas universidades nas melhores posições dos rankings internacionais.
Mas esta política não contribuirá, em cada país, para o desenvolvimento de um pequeno grupo exclusivo de universidades em que a investigação é particularmente intensiva e que, para se manterem ao mais alto nível, selecionam os melhores alunos e recrutam os docentes-investigadores mais conhecidos? Esta abordagem elitista não implicará relegar os restantes alunos para formações de menor qualidade, ao passo que uma solução de caráter mais social preferiria que os alunos pudessem dispor de excelente formação e atingissem todos o seu nível de excelência? Não será preciso acrescentar um terceiro objetivo, a saber uma excelência societal, no sentido em que os estudantes seriam formados de modo a poderem assumir todas as suas responsabilidades de cidadãos para construírem uma sociedade mais solidária? Esta obra pretende dar as respostas.
Numa primeira parte aborda essencialmente a questão da definição de excelência que se pretende escolher, uma vez que é essencial para o resto da obra. Procura refletir sobre a missão dos docentes-investigadores no contexto da busca de excelência, ao mesmo tempo que é também analisada a questão do Processo de Bolonha. A excelência é abordada na perspetiva do papel do currículo, bem como é feita uma abordagem que incide na perspetiva da inovação que acaba por ser o elemento fundamental das políticas de excelência no ensino superior. Finalmente, o último capítulo refere a questão essencial da avaliação, tanto da investigação como do ensino, sem a qual não é possível haver excelência.
A segunda parte desta obra é de natureza sobretudo documental. com efeito, é composta por uma apresentação da política de excelência conduzida no domínio do ensino superior em doze países e regiões do mundo. Mais precisamente: a Alemanha, a Inglaterra, a Áustria, o Brasil, a Comunidade flamenga da Bélgica, a Comunidade francófona da Bélgica, a Espanha, a França, a Itália, Ontário, no Canadá, Quebeque, no Canadá, e a Suíça. Afigurou-se interessante considerar as políticas e as práticas, tanto das autoridades públicas como das instituições, em matéria de excelência, para procurar discernir as principais tendências neste domínio e ver em que medida se operava uma certa convergência, não só no sentido de uma excelência elitista, como também no sentido de uma excelência social e societal. Estes textos, no seu conjunto, são, in fine, objeto de uma análise sintética e comparativa.
Na conclusão geral da obra, os autores procuraram estabelecer quais seriam, concretamente, as consequências de uma política de excelência do ensino superior que fosse ou apenas elitista, ou apenas social e societal, e isto com um objetivo pedagógico, para deixar claro em que consistem realmente essas políticas, o que, na perceção dos autores, permitirá fazer avançar a causa a favor de uma excelência social e societal que venha completar a excelência elitista.