Secção especial do exército britânico em África, o Long Ranger Desert Group, que ficou conhecido como os Escorpiões do Deserto, existiu na realidade. Trata-se de uma unidade criada no início da Segunda Guerra Mundial, no Egipto, no seguimento da declaração de guerra italiana. Agindo por detrás das linhas inimigas, esta unidade tinha por missão recolher informação que permitisse aos aliados detectar os movimentos e posições dos inimigos alemães e italianos. Pratt viveu na Abissínia durante a sua juventude (entre 1937 e 1944) e conheceu pessoalmente alguns membros dessa secção.
Heróis daquilo a que o autor chamava «a última guerra romântica», as personagens que Pratt apresenta nos episódios de «Os Escorpiões do Deserto» vivenciam uma guerra muito distante de uma guerra clássica convencional: as situações, por vezes absurdas, sucedem-se a uma velocidade de carrossel e os homens, de costas viradas para os interesses das potências coloniais em África, parecem perdidos, entregues a si próprios num conflito cujos contornos não percebem. É disso exemplo a afirmação de Clelia Avantini, proprietária do bordel "Brisa de Mar" quando lhe é transmitida a condenação à pena capital: "Nunca percebi grande coisa de política, mas, neste caso… apenas quero dizer: Viva De Gaulle, viva a França livre!"
Com a publicação de «Brisa de Mar», o quinto episódio da série «Os Escorpiões do Deserto» assinado por Pratt, a Ala dos Livros conclui a publicação daquela que é considerada a série de banda desenhada mais pessoal do mestre italiano.