Afonso e Mafalda, os primeiros senhores do Reino Novo, redimensionado
em terras do Al Andaluz terão mandado o irmão do rei ao mosteiro de Claraval
para entregar o desejo de doação ao Abade Bernardo em documento adequado e por
certo preparado em comum.
A Carta de Doação de 1153 da era de Cristo enumera topónimos, a maioria
alcançando o nosso tempo, mas não limita linhas de separação. Só Leiria ou
Óbidos teriam termos ou estariam em vias de os ter.
Certo era o mar oceano, do mar interior nem se fala, e a Serra do lado
do Sol nascente.
Caberá pelo dito, ao leitor, levar a sua atenção entre avanços e
recuos, considerando sempre a linha da história para procurar, através desta
coleção de ensaios de 26 especialistas de múltiplas disciplinas, compreender
este largo espaço territorial que só no final do século XIV, pelas doações
Fernandinas, atingirá os ditos 44 mil hectares sob administração monástica.
Fala-se de cartas de povoação, de isenções, papais e régias, dos
mercados, da vida monástica e da sua permanente busca de Deus.
Neste livro há uma palpitante proposta sobre as "fronteiras"
dessa época e outras sobre o que foi a vida socioeconómica em progressão, as
cartas de foral e outras inovações administrativas e jurídicas.
Descobre-se o pensamento de S. Bernardo e alguns trabalhos da
biblioteca monástica de Alcobaça. Fala-se de romanos e do que deles se sabe por
aqui.
São formas de olhar sobre o mais ocidental mosteiro da ordem de Cister
que sempre cresceu no seu edificado até hoje, proporcionando o erro e a
virtude. Retirou-se o barroco lamentável decisão, mas concretizou-se um projeto
de conservação integrada, um hotel para evitar a irremediável ruína em
edifícios dos séculos XVII a XIX.
A atividade proto industrial, o domínio das águas, o desenvolvimento de
novas culturas e as mudanças de propriedade são abordadas tal como séculos de
arte, e descrições de visitantes ilustres, a visão do outro sobre a região o
mosteiro e a vida nessa ocasião.
Guarda-se o tempo depois dos monges e o advento do liberalismo após as
violentas invasões francesas. A extraordinária herança que continuamos a
administrar no pensamento, na agricultura, na preservação patrimonial, nas
pescas, no turismo cultural, na memória cerâmica e no urbanismo. As fábricas o
comércio, as pequenas histórias, o futuro.
Um livro para ler lentamente e perceber o enredo que percorre a quase
eterna linha da história à volta do "lugar de Alcobaça", nascido
entre dois rios sob a proteção de um castelo, e a sorte de aí ter nascido um
Mosteiro.