Todos somos filhos. A recente mutabilidade de uma sociedade tipicamente industrial para uma etapa pós-industrial acarretou uma nova tipologia na relação entre pais e filhos. E das quatro “tipologias genéricas de filiação” apresentadas pela psicanálise, a figura de Jesus, o Filho por excelência, continua a ser um ponto de referência obrigatório para uma correta compreensão da arquitetura entre paternidade e filiação.
Tendo por base as recentes orientações eclesiais sobre a família (Amoris Laetitia) e procurando articular a teologia com as ciências humanas (sociologia, psicologia e antropologia), a obra faz uma leitura analítica das cinco grandes crises que atravessam qualquer história de vida familiar, para depois se debruçar na proposta de um conjunto de práticas domésticas que potenciem o papel pedagógico (e insubstituível) dos pais em relação aos seus filhos (sobretudo, adolescentes) mediante as “bem-aventuranças da filiação”. Porque, após a passagem de uma “hegemonia pedagógica” familiar para uma “democratização pedagógica”, resta salvaguardar hoje uma “exclusividade pedagógica” da família no que concerne a determinados conteúdos pedagógicos.
No fundo, há um princípio que jamais devemos desvalorizar: quanto mais compreendermos quem somos, mais capacitados estamos para encarar e superar as inevitáveis crises familiares.