A História, a Arqueologia, a História da Arte e a Etnografia são os eixos orientadores principais que preenchem as 488 páginas dos Anais Leirienses, neste que é o seu 11.º número. Leiria, região secular, entre os campos do Mondego e as lezírias de Santarém, como a entendeu o rei D. Afonso Henriques, quando, em 1135, ordenou a edificação estratégica do seu castelo, Leiria, quase nove séculos depois desse acontecimento fundacional, escrevíamos, é o foco geográfico congregador dos estudos ora publicados.
Nada tem de transgressor que, neste número, se apresentem estudos sobre a Ordem do Templo, em geral, e Tomar, mais especialmente, sobre a abadia cisterciense de Santa Maria de Seiça, outrora no território de Montemor-o-Velho, concelho vizinho a Leiria, hoje parte do município da Figueira da Foz, olhada, aqui, a partir das suas ligações institucionais a Alcobaça. Outros notáveis mosteiros, nas suas arquiteturas e arqueologias, como o da Batalha, o de Alcobaça e o de S. Francisco de Leiria, merecem a atenção de alguns dos colaboradores. Textos em torno do património rural e do património industrial, especialmente no entorno de Alcobaça, da Benedita e da Marinha Grande, ocupam, ainda, uma parte significativa das páginas do presente volume.
São sujeitos de estudo, ainda, as gentes estremenhas, nobreza alfeizerense e povo comum de outros lugares, “gentes normais” e “gentes desviadas”, como sucede com bruxedos e superstições, tão ínsitos na sensibilidade e nas crenças das populações de outrora e também do presente; como se oferecem estudos inéditos, ainda, sobre artistas e intelectuais, mulheres e homens, ligados à região e à sua vocação cultural. Merece atenção, nas presentes páginas, ainda, a história de alguns importantes monumentos comemorativos, aos Mortos da Grande Guerra ou relativos à Primeira Travessia do Atlântico Sul, assim como as vivências cidadãs, no século passado, dos ideais políticos republicanos e de resistência ao Estado Novo.
Encerra o presente número, como é já habitual nos Anais Leirienses, o espaço dedicado à revelação de documentos históricos, fac-similes, imagens comentadas, obituário e notícias várias relativas à vida cultural e editorial da região.
O volume mantém, pois, condição que enforma o espírito dos Anais Leirienses, a sua vocação de instrumento editorial regional aberto à ciência, à investigação, à inovação e à divulgação e valorização do conhecimento no contexto social e cultural das muitas gentes que, com um passado inviável sem o presente que lhe dá vida e sentido, habitam um território comum.