«Mensagem [...] coincidiu, sem que eu o planeasse ou o premeditasse (sou incapaz de premeditação prática), com um dos momentos críticos (no sentido original da palavra) da remodelação do subconsciente nacional. O que fiz por acaso e se completou por conversa fora exatamente talhado, com Esquadria e Compasso, pelo Grande Arquiteto.» Fernando Pessoa, in Carta a Adolfo Casais Monteiro, 13 de janeiro de 1935.
Mensagem é um dos poemas maiores da poesia portuguesa. Foi também o único livro em português que Fernando Pessoa fez sair à estampa em vida. À data da publicação, em outubro de 1934 (pouco mais de um ano antes da sua morte), a Europa das Luzes e da Liberdade sucumbia perante o avanço das ditaduras modernas e a agudização dos nacionalismos expansionistas e do imperialismo de base material que, meia década mais tarde, desencadeariam a Segunda Guerra Mundial.
É neste quadro de decadência geral da Europa (e do seu país em particular) que Pessoa discorre em verso na Mensagem sobre os grandes acontecimentos e protagonistas ligados à génese de Portugal, ao período áureo das Descobertas marítimas e ao declínio posterior, desaguando na construção futura de um império novo e diferente: o Quinto Império, de matriz espiritual, messiânica e milenarista.
Introduzida e anotada por António Apolinário Lourenço, ilustrada por Fatinha Ramos e prefaciada por Amélia Muge, a presente edição da Mensagem oferece aos leitores um guião para a compreensão e interpretação do poema à luz da história de Portugal e das doutrinas do cristianismo esotérico e heterodoxo, que desempenharam um papel central na formação intelectual de Fernando Pessoa.