A ESMERALDA DOS GARAMANTES

«No fundo,terei sido um dos últimos viajantes sarianos do período do camelo.Uma secreta melancolia agarra-se às coisas que morrem quando as amámos muito.Evidentemente,é preciso saber fechar os parêntesis,aceitar ser substituido,saber,em bicos dos pés,de forma discreta,desaparecer nos bastidores.»
«De resto,conheço-te bem.Quando la vier,essa vingança tão esperada,quando te deitares,saciado,com iguarias delicadas que não te estalaram sob os dentes,saciado com uma água incolor,sem pêlos de bode,numa cama de sibarita,sob um tecto,no quente,então,em vez de saboreares de forma duradoura a tua felicidade,muito rapidamente,assim que o grande cansaço das tuas caminhadas solitárias estiver esquecido,então começas a sentir a falta das tuas rudes etapas,dos teus pés escalavrados,dos teus lábios gretados,dos teus sonos enroscados sob as estrelas.
»E na primeira oportunidade,tal como eu,voltas a partir(...)»
Se os navegantes do Deserto cobria os anos de 1922 a 1936,A Esmeralda dos Garamantes revisita praticamente toda a existência do Autor,incluindo especialmente na sua infância e juventude e nas décadas de 1930 a 1980 e constituindo,assim,um segundo volume de recordações e reflexões muito pessoais.
Filósofo,naturalista,homem de fé,de ciência e de causas,amante dos desertos africanos e asiáticos,herdeiro dos exploradores franceses dos séculos XIX e XX:eis,em síntese,Théodore Monod (1902-2000),o último dos sábios-viajantes,testemunha e símbolo de uma época agora finda.