A semiótica é um saber muito antigo que estuda os modos como o homem significa o que o rodeia.
Nas últimas décadas do século xx, uma rápida desestruturação veio pôr em causa algumas das mais estáveis significações do mundo. Podemos sintetizar esta revolução no emergir das novas mediações tecnológicas, das novas proximidades globais, da degenerescência dos grandes códigos totalizantes e da própria criação espontânea de ciberestruturas descentradas que contribuíram para desmontar o carácter holístico da significação.
Esta tendência de abertura semiótica é única na história da Humanidade. Daí que o papel contemporâneo da semiótica, no relançar de laços interdisciplinares com outras áreas do saber, esteja a adquirir uma renovada importância. E a própria atualidade da rede que convida a semiótica a dialogar insistentemente com a neurobiologia, com a zoologia, com a arquitectura e com a artefactualidade digital que está, nos dias de hoje, a reenquadrar a própria noção de realidade.
Poucas vezes um saber tão antigo - como o é a semiótica - terá sido tão actual, motivador e desafiante.
Luís Carmelo (1954) é doutorado pela Universidade de Utreque, Holanda, e é professor de Semiótica e Teoria da Cultura, além de investigador na área da filosofia comunicacional. Como escritor, tem, desde 1981, diversas obras publicadas e traduzidas, entre romance, novela, ensaio (prémio APE, 1988), drama, crónica e poesia. No campo do ensaio, o autor tem-se cruzado com a literatura, com a semiótica, com os estudos orientais e desde há mais de uma década, tem ligado as suas investigações à caracterização e análise do mundo contemporâneo e omniio1itano em, que vivemos.